segunda-feira, 13 de abril de 2009

o melhor amigo

Leio na Revista da Folha de 15 de Março de 2009, na seção, "Bichos", interessante artigo assinado por Daya Lima, denominado " Um lugar para chamar de seu". O artigo aborda nova tendência dos condomínios de dotar uma área para nossos fieis amigos terem um lugar exclusivo, para seus passeios, os chamados " cachorródomos", ou "dog spa""dog walk"ou "pet care".
Há bastante tempo temos os cães ( ou gatos) como importantes consumidores e isto é evidenciado pelo grande número de "pet shops" que encontramos em todos os cantos, mostrando que esse negócio é imune a crises. Não conheço nenhum super-mercado ou mesmo shopping que não tenha uma seção reservada a artigos caninos, quer sejam, alimentares, vestuário, de laser, etc. Livros tratando de animais inesquecíveis, abundam nas paradas literárias, que Marley não me desminta. Em criança, " O cachorrinho Samba", da Sra. Leandro Dupré, muito emocionou a mim e minha família e logo tivemos um Samba alegrando nossa casa. Quando mudamos para a capital, Samba veio conosco, como parte integrante da família.
Vejo que a preocupação com o bem estar do amigo de quatro patas pelo mundo, é geral. Uma das primeiras medidas dos presidentes americanos ao assumirem a Casa Branca é arranjarem um primeiro cão, se já não possuam um.
O cão inclusive, serve de apoio para a diminuição do desemprego, não fossem o grande número de empregados dos pet shops, desde de lavadores, cuidadores, treinadores e até os de nível superior como veterinários e psicólogos.Surgem novas profissões como as de acompanhantes de cachorros para seus passeios. A primeira vez que me deparei com eles foi no Bairro da Recoleta, em Buenos Aires, quando rapazes e moças andavam pelos parques levando uma verdadeira matilha de alegres cães, puxados por por cordinhas especiais.
Pouco tempo depois, a protagonista de uma novela da Globo foi agraciada por idêntica profissão e hoje é comum encontramos em nossos parques e ruas, ruidosos especímes caninos fazendo suas caminhadas, para manterem a forma, muitas orgulhosos de suas posições, de verdadeiros patrões, já que os puxadores são seus subordinados.
O que não dizer dos países em que os cães ocupam lugar previlegiado na escala social. Em pleno Champs Elisées, jantando em mesa na calçada de um charmoso restaurante, perto do Arco do Triunfo, ví vários "chiens" junto ás mesas, acompanhando seus donos em suas refeições. Ou então visitando Santiago de Compostela, mística cidade da Galícia, almoçamos num restaurante ao ar livre, e ao nosso lado num cercado especial, vários cães civilizadamente aguardavam o término das refeições, para então continuarem seus passeios.
Em Buenos Aires e Paris, em minhas andanças por essas metrópoles, várias vezes, me deparei com bem cuidados cemitérios desses animais, numa clara demonstração de respeito desses povos, para os companheiros que tanta alegria trouxeram para muitas vidas, mitigando solidões, alegrando crianças, guardando propriedades ou simplesmente existindo. Dar um lugar de descanso, tranquilo para aqueles que foram companheiros solidários e fiéis, ás vezes por até duas décadas, nada mais é que uma questão de justiça e reconhecimento por aquele que tudo nos deu. Quando chegamos em casa após um fatigante e aborrecido dia, quem é que nos recebe com demonstrações até exageradas de júbilo, que nos faz até esquecermos das agruras do dia- a- dia?
Isto sem falarmos nos chamados cães de utilidade pública, que são aqueles que são treinados pela polícia para os auxiliarem em suas atividades, e os que são especializados em procurar por seu olfato apurado, vítimas de terremoto ou soterramentos, e os que auxiliam as autoridades em aeroportos e portos na localização de drogas? Ou ainda aqueles que nos comovem quando os vemos guiando pessoas deficientes da visão pelas ruas e mesmo quando obedientemente se sentam num canto do vagão do metrô, acompanhando seu dono, esperando-o com seu olhar dócil o momento da saída?
Até mendigos, catadores de papel ou outros infelizes têm nos cães suas únicas companhias que os faz lembrá-los que são seres humanos.
Sabemos que os cães de rua, sem donos, são perseguidos e algumas raças são consideradas perigosas, pois são muitos os casos de ataques desses animais. Os cães, porém, são inocentes, culpados são os seres humanos que muitas vezes, os abandonam, não os treinam ou não seguem as legislações que obrigam esses cães portarem focinheiras e outras proteções.
Havia em São Paulo há cerca de 50 anos, quando a cidade tinha uma população bem mais acanhada, um charmoso cemitério para cães e gatos, junto a uma das alamedas do Parque do Ibirapuera. Um prefeito da época, que chegou a ser presidente, que gostava de tomar medidas
chamativas, mandou demolí-lo e conseguiu instituir uma lei que proíbe cemitérios de animais, no município da capital. Mais tarde, já cosmopolita e viajando pelo mundo gostava de introduzir coisas que viu e achava bonito em nossa cidade. Foi assim que São Paulo por uns tempos teve os ônibus de dois andares, típicos de Londres e simpáticas lojinhas de venda de flores em algumas praças da cidade. Infelizmente, os cemitérios para cães e gatos foram até o momento banidos.
Isto acarreta um problema para alguns como eu, que ama seus bichinhos e vê que na sua falta, os mesmos, não terão um lugar de repouso digno do que fizeram quando aqui viveram.
Entregar para os pet shops os levarem para incineração, enterrá-los em quintais ou sítios, simplesmente jogá-los no lixo ou pecado dos pecados, poluindo rios, são soluções despresíveis e indignas, se lembrarmos de toda alegria, que eles nos proporcionaram.
Alguns empresários com alguma visão, criaram cemitérios de cães e gatos em municípios vizinhos, como Caucaia do Oeste e São Bernardo, mas são caros, pouco divulgados e fora de mão, para visitas.
Minha proposição é que nossos políticos façam um projeto restituindo aquilo que é trivial em outros países, a possibilidade de implantação de cemitérios de animais na capital, o que pode ser feito pela inicitiva privada. Em alguns casos esses cemitérios podem ser construídos estilo edifícios, como o existente para humanos em Porto Alegre, o qual inclusive fazia parte do roteiro turístico da cidade.Pode-se estudar a possibilidade de se cremar ou até embalsalmar os animais ou ter uma sala especial para exibir videos, desses animais, em vida.
Numa ideia mais arrojada, poder-se-ia permitir o sepultamento desses animais de estimação, nesses cemitérios jardim, em locais especiais,no jazigo de seus donos, bem como suas cinzas. Em alguns bairros como Higienópolis, os cães gozam de alguns privilégios e até frequentam shoppings.
Que tal dotar alguns restaurantes, super-mercados, shoppings, etc,por toda a cidade, de locais para cães enquanto seus donos fazem suas compras?
Acredito que muita gente agradecerá e a cidade ganhará mais empregos, artigos tão em falta nos bicudos dias atuais.

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