quarta-feira, 22 de abril de 2009

de olhos bem abertos

Para uma pessoa criativa e com espírito empreendedor, viajar é uma das formas mais eficazes de inspiração para se conseguir novas ideias ou adaptar outras para nossa realidade.
Alguns anos atraz, antes do surgimento do mundo globalizado, da invenção da Internet, da TV á cabo e da abertura das importações, sem o arrocho das leis protecionistas, a viagem de um brasileiro para o exterior representava um mundo de novos conhecimentos e a visão de novidades, até então inacessíveis ao cidadão médio. O alto custo das passagens, hotéis e passeios, dado o baixo valor de nossa moeda era outro fator que fazia que o brasileiro ficasse circunstanciado ás suas fronteiras.
Assim o simples ato de beber uma cerveja estrangeira, fumar um Malrboro, andar num carro de marca internacional, assistir um espetáculo no Lido ou na Broodway era festejado como um fato incomum, para dar inveja aos menos privilegiados.
Hoje a situação mudou muito, pois o Brasil fabrica ou importa produtos do mundo todo e viajar não mais é um fato inusitado e fora do comum.
Mesmo assim para um espírito arguto e observador viagens continuam sendo uma fonte de inspiração para novos projetos e iniciativas e podem ser muito úteis e lucrativas. Para isso acontecer, pode-se usar desse expediente mesmo em viagens nacionais e mesmo em sua própria cidade.
O importante é conhecer coisas e procurar uma forma de desenvolvê-las e mesmo aperfeiçoá-las.
Pode-se analisar deficiências de algumas cidades ou regiões e criar formas de resolvê-las e assim trazer benefícios para si e para a comunidade.
Á partir de 1973 minha empresa iniciou a construção de uma fábrica, no então incipiente Polo Petroquímico de Camaçari, nas imediações de Salvador, e para isso, tive a oportunidade de efetuar inúmeras viagens para aquele estado.
Ao todo deviam ser construidas cerca de 30 fábricas similares e a inauguração das mesmas, estava prevista para o ano de 1978.
Como o estado não dispunha de mão de obra especializada para a construção e posterior operação dessas fábricas de alta sofisticação técnica, tornou-se necessário o recrutamento de muitos engenheiros, técnicos e operadores de outras regiões do país.
Esse fato trouxe um "boom" de construções de prédios residenciais, hotéis e por consequencia obras de melhoria de saneamento, infra estrutura, novas vias, nunca vistos em Salvador.
Essa população em sua maioria sulista, que veio morar na capital baiana, procurou fixar residência nos bairros mais residenciais , como Campo Grande, Graça, Barra, Barra Avenida, Ondina, Rio Vermelho e por toda a orla da cidade, de Pituba até Itapoã
Afora isso, Salvador com suas magníficas belezas naturais,desenvolveu ainda mais seu potencial turístico,após a construção de novos hoteis.
Embora preocupado com minhas funções na fábrica que se construia, nunca deixei de observar o que poderia ser feito,para se utilizar o potencial empreendedor que essa situação oferecia.
Notei que a grande deficiência da cidade eram os serviços. O atendimento nos bares, restaurantes, hoteis, postos de gasolina eram lentos e o pessoal despreparado.
A contratação de pessoal especializado e o treinamento do existente,seria a solução do problema.
Apesar do grande número de turistas a alimentação nas praias,era deficiente e com pouca higiene, e se resumia a peixes fritos, vendidos em barracas e os típicos acarajés, que desafiavam os estômagos desacostumados dos forateiros.
Bares e barracas com lanches, coxinhas, empadinhas,pães de queijo e outros petiscos, como pastéis, com o desconhecido, na região, caldo de cana, trariam a alegria dos turistas sulinos e encheriam os bolsos de empresários com visão.
Um dos maiores problemas enfrentados eram as tinturarias que simplesmente estragavam os ziperes usando um produto que os emperravam. Lavanderias com métodos de sudeste ou a instalação de máquinas "self service", também solucionariam o problema. Máquinas de lavar preticamente não existiam na cidade, pois a população, mesmo de bom poder aquisitivo se serviam de lavadeiras, para espanto dos novos habitantes da cidade. Eu mesmo, morando num edifício de bom padrão, era o único que possuia máquina de lavar, trazida de São Paulo.
A falta de "rotisseries" também era um tormento para as donas de casa, de outras regiões acostumadas com a oferta de comida de boa qualidade,nos casos de emergência.
Padarias e açougues que ofereciam seus produtos apenas em algumas horas ou em dias alternados, também eram um problema a ser enfrentado.
Aplicar uma injeção, ou pequenos curativos, em Salvador representava uma grande dificuldade, já que nas farmácias esse serviço não era oferecido.
Alguns serviços, como entregas por moto-boy, não existiam e poderiam levar um empresário de visão, pioneiro, alcançar grande sucesso.
Durante minha estada na cidade,que durou poucos anos, foi inalgurada a primeira pizzaria, porém,de qualidade duvidosa.
Um dos maiores congestionamentos já vistos em Salvador, com filas quilométricas deu-se quando
a rede Mac Donalds abriu sua primeira loja na Bahia, o que vem de encontro ao que relatei.
Por razões profissionais tive que retornar a São Paulo, deixando na capital baiana dois funcionários que haviam ido comigo, como meus subordinados, ambos jovens e que nunca tinham saído de nossa cidade.
Algum tempo depois, saíram da empresa e montaram uma companhia de seleção e recrutamento de mão de obra, serviços de limpeza, jardinagem e fornecimento de alimentação. Ambos hoje são grandes empresários, com inúmeras propriedades, pois tiveram o faro empreendedor de preencher um nicho deficiente da cidade, usando esse espírito de observação que procurei demonstrar e tiveram a coragem de enfrentar as dificuldades dos primeiros tempos, que toda atividade, no começo,passa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário