quinta-feira, 18 de junho de 2009

o mais pesado, crendices, tv desgraça

Infelizmente quando uma tragédia como a da aeronave 477 da Air France acontece, a repercussão é enorme e se ouve e vê, muita especulação e aproveitamento desse infortúnio, por pessoas ávidas em aparecer, que só visam benefício próprio.
Neste triste episódio foram vitimados 228 seres humanos os quais conforme seus nascimentos, estavam distribuidos entre os chamados 12 signos do zodíaco.
Muita gente acredita nas previsões que aparecem nas revistas e jornais por toda a parte e não saem de casa, antes de verificar o que o horóscopo lhes determina para o dia.
Para alguns o dia seria normal, sem maiores sobressaltos, para outros feliz, com grandes realizações e finalmente para alguns o dia não seria bom. Deu no que deu...
Já cursando a primeira série do antigo curso ginasial, assistindo a matéria História Geral,lia no livro de Joaquim Silva, que os antigos egípcios estavam adiantados nos estudos da astronomia. Na ocasião, o autor alertava seus jovens leitores para não confundir astronomia que é uma ciência que estuda os astros do universo, com astrologia, uma crendice tola que procura demonstrar a influência dos astros na vida das pessoas, conforme seus nascimentos.
Alguns anos mais tarde, trabalhando numa editora, conhecí um reporter que tinha sido encarregado pela sua chefia, para escrever a coluna do Horóscopo e nos contava rindo,como procedia suas pesquisas diárias para escrever sua coluna, tão disputadas pelos leitores crédulos.
Ao receber a incumbência dessa coluna,foi-lhe passado um arquivo com uma série de fichas, com previsões sobre amor, saúde,vida profissional, pedra do dia, cor da sorte, etc. Diariamente nosso especialista embaralhava as fichas, tirava-as ao léu, e distribuia aleatóriamente.Seus leitores acreditavam piamente em suas assertivas...
Me causa indignação, toda vez que acontece um infortúnio, um desastre, um crime pavoroso, a ávidez com que determinada parte da imprensa corre para cobrir o evento adotando uma linha sensacionalista, na ânsia de conquistar a famigerada audiência.Nesse caso quanta maior a desgraça melhor. Enquanto o assunto esta quente somos torpeados com reportagens de todos os matizes e os reporteres de digladiam para conseguir e apregoar seus "furos" e se gabam de sua primazia no noticiário. Me causa pena familiares entorpecidos pela dor, serem entrevistados em velórios, cenas de crime, aeroportos em casos de desastres aéreos.
Programas de televisão, geralmente vespertinos, se dedicam continuadamente a disputar as vítimas que se dispõe a alí comparecerem e demonstrarem " ao vivo" suas dores. Algumas dessas vítimas parece que se encantam por esses " minutos de fama"...
Aos poucos o assunto vai passando para o segundo plano e substituidos por nova desgraça. Muitas vezes o caso anterior é esquecido e fica-se sem saber os acontecimentos posteriores, pois já não dão o devido "ibope".
Há cerca de dois anos isso ocorreu com o pavoroso desastre do avião da TAM que colidiu na aterrizagem no aeroporto de Congonhas com o edifício da própria empresa, do outro lado da Avenida Rubem Berta em São Paulo.
No local do acidente os prédios atingidos foram derrubados e cercados por uma cerca azul, causando impacto emocional a todos que passam por aquela movimentada via. Desde o acidente os parentes dos acidentados reinvidicam que a Prefeitura de São Paulo construa no local um memorial em homenagem ás vítimas do acidente, o que tem sido alvo de contestação, pois o Poder Público é a favor da construção de uma praça e conta com a oposição de vizinhos temerosos, que o local se transforme em paraiso de marginais e traficantes.
Minha sugestão, inspirada em ação do escritor, jornalista, filósofo,psicanalista e teólogo, Rubem Alves, que costuma homenagear seus amigos falecidos ou não, em seu sítio no sul de Minas, com a plantação de árvores,dando-lhes seus nomes, celebrando assim a continuidade de sua memória..
Por que não se construir uma praça, bem vigiada,cercada e ofertando a cada parente de vítima, uma árvore com o nome do desaparecido, ficando os parentes e amigos encarregados, de cuidar da mesma. Nesse ambiente bucólico, com bancos, viveiros de pássaros e uma capela ecumênica se teria um ambiente de paz e harmonia e as familias podeiram plantear seus entes queridos, cujas vidas foram interrompidaas de forma tão cruel.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Envelhecí e não percebí...

Pablo Neruda, o consagrado escritor e poeta chileno, em sua magistral obra "Confesso que viví", relata, já no final de sua existência, sua trajetória de vida, como poeta laureado com o prêmio Nobel e toda sua experiência como homem sensível,amante, político engajado e cidadão do mundo.Num balanço final, declara não se arrepender de nenhum gesto ou atitude e se declara em paz consigo mesmo.
Não tenho a pretensão de me comparar com a magnitude do grande mestre, mas dentro de minha realidade, acredito me ombrear com sua conclusão de vida.
Pelos critérios consagrados dos fatores que concorrem para um homem se considerar realizado, acredito ter sido aprovado, pois, escreví, três livros, duas monografias, apostilas e muitos pareceres, artigos e similares. Nada grandioso, mas o mérito literário da obra, não é um dos requisitos obrigatórios.
Árvores plantei muitas, a de mais doce lembrança foi um pinheirinho semeado no quintal de minha casa. Vi-o crescer e se tornar árvore adulta, sacrificado mais tarde, quando a grandeza de sua raízes, começou a incomodar e romper todo o cimentado da casa. Sementes,porém, lancei muitas pela estradas da vida e seus frutos por certo ainda vingam, em muitos recantos anônimos.
Filho tive uma, porém, motivo de meu orgulho, vale por muitas, por sua gentileza, nobreza de comportamento e espírito solidário e empreendedor.
Alcançados esses critérios, não por isso me considero realizado, pois tenho ainda muitos objetivos a almejar, nos tempos que me restam pelos caminhos da vida.
Olhando o passado com olhares críticos, vejo que por muito passei , derrubei barreiras e sofrí sobressaltos, mas num balanço dos fatos, o saldo foi positivo, pois meus objetivos foram singelos, sem grandes arroubos ou ambições de conquistas.
Dizem aqueles que estiveram em perigo de morte, que a vida a seus olhos, se transcorreu em segundos. Realmente, já na fase dos cabelos raros e brancos, constato que o tempo é inexorável e que sua voracidade é cruel e não perdoa vacilos. Oportunidades perdidas não são perdoadas e lamentar-se, é prerrogativa dos perdedores.
Desde o nascimento o homem por índole, fica a procura de satisfações e não se apercebe que o tempo é para ser vivido e não desperdiçado.Na eterna busca do prazer o tempo passa e depois só resta a saudade e o arrependimento.
O garotinho pouco aproveita o aconchego materno e logo quer engatinhar e explorar seu novo mundo.Claudicante no andar, começa balbuciar suas primeiras palavras e pouco após,já na consciência infantil, almeja frequentar suas primeiras aulas, como seus irmãozinhos.
No primário se enfada com as primeiras obrigações e torce para logo chegar os folguedos dos intervalos de recreio.
Em casa, quer saber quando chega seu aniversário, o Natal, as férias que irão lhe proporcionar recompensas e presentes.
Depois, adolescente, espera e torce para a chegada das festinhas, os namoricos, as saídas com as turmas, as competições. Quer logo chegar aos dezoito, idade mágica, de novos direitos, como dirigir, programas proibidos, etc.
Piaget, com toda sua autoridade, explica o transcorrer dessas fases da vida.
Chega a época enfadonha dos vestibulares, dos muitos sacrifícios, e a torcida é que chegue rápido, se possível com o sucesso alcançado.
Depois, os estudos universitários são percorridos com avidez e parte-se em busca dos primeiros estágios e dos empregos, que garantirão a busca de novos objetivos.
Torce-se pela chegada da festa de formatura, depois do noivado, depois do casamento e primeiro filho; depois os outros.
No trabalho, a torcida é pelo final do expediente, o happy hour, as férias, as promoções, e o tempo vai passando...
Um dia está torcendo pela chegada da aposentadoria, de seus filhos se formando, seus netos e quando se dá em sí, é o personagem principal de uma festa em lhe é entregue um relógio de despedida, de uma vida de trabalho.
Subitamente, nota que sua torcida chegou ao final e ele não percebeu,já que passou todo tempo objetivando sua passagem e daí vem a realidade e o arrependimento.
Um fato ocorrido em meu primeiro emprego, foi objeto de muitas reflexões e concorreu para que passase a enxergar a vida como novos olhos. Um senhor, executivo a quem admirava muito, por seu profissionalismo, caráter ilibado, que me dava muitos conselhos e orientava meu futuro na empresa, trabalhava muito e dizia viver para a familia, em especial sua querida esposa. Trabalhava diuturnamento, era o primeiro a chegar e o último a sair, levando serviço para casa, com frequencia.Como faltavam poucos anos para sua sonhada aposentadoria, vivia dizendo que terminada sua jornada profissional, recompensaria sua esposa, pelos sacríficios de sua ausência e passariam a viver viajando e aproveitando todas as belezas da vida, no tempo que lhes restassem.
Um dia chegando ao trabalho o clima estava sombrio e logo descobrí a razão. A esposa de meu mentor, acometida de mal súbito, havia falecido repentinamente...
Meu amigo foi definhando e nunca deixou de se lamentar e o arrependimento foi uma constante, observado até o dia que o destino nos separou e deixei de vê-lo amiúde. Soube algum tempo depois meu amigo, faleceu, sem nunca ter se refeito daquela peça que a vida lhe pregou.
Continuei minha trajetória trabalhando e estudando bastante, mas nunca fui escravo dessas atividades.Viajei bastante, proporcionei á minha familia muitas oportunidades de lazer e entretenimento, com responsabilidade, procurando aproveitar no dia a dia, todas as alegrias que a vida pode proporcionar.
Quando estava prestes a me aposentar, comecei a me preparar para uma nova vida sem os rigorosos compromissos de trabalho e passei a efetuar projetos há muito acalentados, que os tempo escasso não me proporcionavam.
Graças a um planejado esquema financeiro, efetuado durante minha fase ativa, e sabedor que após a aposentadoria o tempo aumenta, mas os recursos se exiguam, fiz uma cesta de aplicações no sentido de não ser traído pelas frequentes crises econômicas. Hoje não posso viver na abastança, porém, sem os rigores que me tirem a bonança.
As coisas que gosto, agora com tempo elástico, foram sendo satisfeitas.
Como São Paulo oferece muitas oportunidades para os chamados representantes da terceira idade, fiz vários cursos de línguas a custos bem acessíveis. Assim desenvolví meu Inglês e se não me tornei tão fluente, tive a sensação de orgulho de ser aprovado no teste de proficiência Trinity, oficiado por aquela entidade inglesa. Desenvolví, o italiano, língua de meus antepassados e estudei ainda francês, espanhol e alemão.
Outro sonho que realizei, foi ter efetuado um curso universitário, pós graduação em nível de especialização "lato senso", sobre Didática para o Ensino Superior, cujo término culminou com apreciação de monografia, acerca do efeito do sietema atual de avaliação e sua repercussão junto aos jovens estudantes. Tive a satisfação de ser considerado o primeiro aluno de curso, em aproveitamento, apesar de minha idade ser bastante superior á dos demais colegas. Fatos como esse, a convivência com os jovens,antes de nos inibir, nos rejuvenesce.
Outro fato que manteve minha mente sadia foi minha filha ter nascido quando eu já era um jovem senhor de 40 anos. O convívio com suas coleguinhas em festas infantís,juninas da escola, festas de balé e reuniões pela vida afora tiveram efeito benéfico em minha personalidade.
Meus 49 anos de vida profissional, convivendo e compartilhando com colegas de menor faixa etária, também repercutiram em minha formação.
Desde criança, tive o hábito da leitura como meu fiel aliado, lendo em média um exemplar por semana, o que me proporcionou grande vontade de colocar meus pensamentos em escritos e assim colaborei para vários jornais, escreví muitas apostilas no trabalho, monografias e hoje insiro minhas ideias em blog pessoal. Com isso, tive a satisfação de poder me inscrever no Ministério do Trabalho como Jornalista Profissional.
Meu gosto por conhecer novos lugares me proporcionou numerosas viagens pelo país e exterior e assim pude conhecer 4 continentes ( até agora), cerca de 25 países e suas obras de arte, museus, manifestações artísticas, culturais e históricas.Ver a Monalisa, a Pietá,a estátua de Moisés, o Vaticano, Louvre,a Torre Eiffel,o Museu Santa Sofia, o Prado,o Metropolitan,etc, etc,"in loco" , são experiências que nossa retina guarda até o fim de nossos dias.
Ministrei muitos cursos e dei palestras sobre temas em que me aprofundei como Meditação e Relaxamento e assim pude contribuir para a melhoria de muitas pessoas que necessitavam dessas experiências.
Para me manter atualizado em minhas especialidades, como Direito, Administração, Magistério e Jornalismo, assisto a uma média de três palestras semanais e para alimentar o espírito, participo de shows de música popular e clássica, também semanalmente.
Aproveitando as benesses que a idade oferece, como passes livres em ônibus e metrô, meias entradas e promoções, me mantenho atualizado com os principais espetáculos cinematográficos, peças teatrais, esposições, etc.
Além de cuidar da saúde, me alimentando com sabedoria e parcimonia, procuro me manter saudável.através de visitas frequentes aos médicos e me exrecitanto regularmente.
Com essa atitude procuro aproveitar meu dia a dia e me sinto autorizado a apregoar a máxima: "Envelhecí e nem Percebí".