domingo, 17 de maio de 2009

o invólucro da alma

Famoso filósofo da antiguidade, acreditava que o corpo humano tinha utilidade somente em vida, quando era o receptáculo da alma ou do espírito e que com a morte esse invólucro perdia toda sua finalidade e passaria a servir de alimento para os vermes.
Isso me fez remeter a fato publicado recentemente nos jornais, que me levou a reflexões e conjecturas mais profundas.
Senhora idosa, falecida há poucos anos, doou em testamento seu corpo para a ciência, dando como beneficiário, determinado, hospital-escola. Essa atitude gerou enorme controvérsia jurídica, que só foi solucionada há pouco tempo em favor, da vontade da falecida. Nesse ínterim seu corpo permaneceu insepulto e conservado, até que a justiça, desse sua decisão final. Muito concorreu para a decisão a vontade férrea de uma neta que invidou todos os esforços para ver a vontade de sua avó atendida. Como estudante de odontologia, sua neta teve o privilégio de ser a primeira a se beneficiar, para estudos, dos restos de sua avó e se declarou encantada com o fato e não ter sentido qualquer aversão em utilizar seu corpo inerte e sim orgulhosa do gesto de sua antepassada.
O fim dado ao corpo humano vária de acordo com as religiões, os costumes dos povos e o principal, a ação do homem que pode ser abjeta e cruel. Assim o corpo humano, desprovido de vida pode terminar de um grande número de formas.
Para os mais religiosos, o corpo do falecido deve ser sepultado num campo santo, em mausoléus ou enterrados em sete palmos de terra.
Hoje aceita-se bem, por várias razões, higiênicas, econômicas, por falta de espaço,etc, a cremação.
Em países como a Índia os cadáveres, mesmo de seus líderes, são incinerados em fogueiras e têm suas cinzas atirados no sagrado Rio Ganges.
Corpos, principalmente de indigentes, sem família para reclamá-los, são destinados para escolas de medicina, para estudo.
Porém, muitos cadáveres tem destinação menos nobres: assistindo a série televisiva, Medical Dectives, constatamos que corpos de assassinados são enterrados em covas rasas, jogados em beira de estradas, em lagos, emparedados, etc, e têm muitas vezes, membros mutilados para dificultar a identificação.
Em séculos atrás, em alguns lugares, os corpos de criminosos eram abandonados em locais desertos para serem comidos pelos abutres.
Muitos corpos desaparecem em acidentes como explosões de aviões, de minas, fábricas de armamentos, etc.
Outros são vítimas de acontecimentos heróicos como os astronautas cuja nave explodiu no espaço ou mesmo como nosso mártir da indepêndencia, Tiradentes, que teve seu corpo esquartejado e atirado em partes pelas estradas, a fim de servir de exemplo aos seus seguidores.
A famosa Máfia de desfazia de seus opositores, metralhando-os com centenas de tiros,
ou atirando-os ao mar, amarrados a grandes pesos, colocando-os em blocos de concreto ou desfazendo-os em ácido.
O que não dizer dos ditadores que se desfazem de seus opositores jogando seus corpos em alto mar, de aviões ?
Mártires como Santa Joana DÀrc e as vítimas de preconceitos regiosos, como as Feiticeiras de Salem, foram mortas em fogueiras, sob o histerismo de múltidões de sádicos espectadores.
Corpos de líderes políticos ou religiosos, são embalsamados e expostos á visitação pública.
E o que não dizer dos fanaticos religiosos que explodem seus corpos praticando cruéis atos de terrorismo,visando uma recompensa, pós morte?
Há pouco tempo visitei uma feira em que corpos foram utilizados de forma inusitada.Com pretensos objetivos científicos, cadáveres de chineses foram plastificados, para estudos de órgãos,veias. artérias,etc.Impressionante e mesmo aterrador.
Como expusemos, o corpo humano depois de morto ou mesmo liberto de sua alma, conforme o filósofo, pode ter os mais variados destinos. Então por que não dar-lhe um destino nobre, como a doação de órgãos, que servirão para amenizar o sofrimento de muitos semelhantes? Acredito que campanhas continuas e bem dirigidas aumentarão a consciência das pessoas e mais doações serão efetuadas.

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