quarta-feira, 6 de maio de 2009

a caixa mágica

Com o advento da televisão o mundo entrou numa nova era. Olhos fixos na telinha, o entretenimento da população mudou de maneira total. Acabaram-se as visitas de cortesia, as cadeiras na calçada para a troca de fofocas, os vai e vem, sem destino,os passeios para ver vitrines das lojas. Todos queriam estar defronte da caixa mágica.
Como no início os aparelhos eram proibitivos aos menos aquinholados, a figura do tele-vizinho tornou-se uma constante e as visitas se davam apenas nas casas daqueles que possuiam a nova maravilha.
Aos poucos os aparelhos foram se tornando mais acessíveis á toda população; foram evoluindo, surgiu a TV á cores e o público foi se tornando mais exigente com relação ao que se apresentava na telinha. Começou a competição entre as emissoras.
Nada mais de programas de artistas dublando cantores famosos, calouros ridículos e chanchadas descompromissadas. A batalha da audiência e consequente disputa pelos melhores patrocinadores, começou a ficar feroz.
Um invento revolucionou novamente a TV, o surgimento do video cassete. Com esse aparelho milagroso pode-se gravar programas, melhorando a categoria artística, já que não sendo "ao vivo", já que podendo-se repetir cenas, a produção ficava de melhor qualidade. O vídeo á cores aperfeiçoou ainda mais a programação.
Mas e a criatividade ? Enfrentar 24 horas de programação era tarefa hercúlea e manter um bom nível de atrações, necessidade para se manter em boa condição na competição.
Com a maquininha debaixo do braço, alguns executivos das emissoras passaram a viajar para o exterior, principalmente Estados Unidos, em busca de novas ideias.
Aí apareceram em nossos vídeos programas de entrevistas, calcados em modelos estrangeiros, personagens como Topo Gigio e Bozo, encantaram nossas crianças.
A dublagem de filmes, com boa qualidade trouxe um novo eldorado para as programações, com a exibição de desenhos e películas de impacto.
A globalização do mundo, a invenção da Internet e principalmente a TV á cabo foi como uma terceira onda, no mundo televisivo. Os fatos acontecidos estão em tempo real em nossas salas, quartos, cozinhas e até banheiros, já que hoje em dia, os lares passaram a ter um televisor em cada aposento.
Mas e a criatividade, o conteúdo dos programas, têm acompanhado essa crescente inovação tecnológica? Infelizmente, não.
Como dizia décadas atrás, o grande comunicador, Abelardo Barbosa, o Chacrinha: " na televisão nada se cria, tudo se copia".
De fato, basta um programa fazer sucesso numa emissora para que as demais passem a exibir produções calcadas nele. É O caso dos programas onde se procura aproximar casais, para namoro; ou á procura de novos Idolos para a TV, exploração de conflitos familiares com intervenção de psicólogos, etc.
A exploração dos mais terríveis crimes torna-se prato cheio para as TVs e todos os pormenores mais aviltantes são explorados, até cairem no esquecimento, com o surgimento de novas "atrações".
Um filão que serviu para diminuir o nível da programação da maioria dos canais foi o surgimento dos programas "religiosos".
O fenômeno surgiu nos Estados Unidos com pastores como Billy Graham e outros que fizeram da telinha seu púlpito.
Décadas atrás passou a seu exibido no Brasil videos de programas de um pastor chamado Rex Humbard. Com sua linda esposa e filhos loiros e bonitos, com suaves canções, seduziu grande parte de nossos tele-expectadores, que logo se tornaram fans da família, seguiam suas pregações e faziam suas contribuições financeiras, conforme solicitado.
Numa vinda a São Paulo lotou o estádio do Pacaembú com seus novos seguidores.
Ocorre que com o tempo alguns brasileiros com bastante visão, fundaram suas igrejas e substituiram os pastores americanos, no gosto de nossos conterrâneos.
Hoje são grandes corporações,têm força política, com templos magníficos, canais próprios e programação massiça em quase todos os canais.
Outro filão que concorre para diminuir a oferta de entretenimento pela TV é a proliferação de canais com objetivos de vendas, que tornam nossa casa num entreposto comercial.
Finalmente, a falta de criatividade se manifesta com a compra de programas estrangeiros com os famigerados "reality shows" que monopolizam nossa TV, com situações as mais absurdas, enjaulando pessoas na maior promiscuidade, trocando casais,vivendo em matas nas condições mais absurdas,ou fazendo competições de derretimento de banha, expondo pessoas a situações ridículas. Tudo isso é comprado a peso de ouro e copiado pela demais emissoras.
Minha sugestão é:
Incentivar a criatividade de nossos produtores a lançar programas com novas ideias.
-É sabido que nossos publicitários estão entre os melhores do mundo. Basta ver o nível de muitos comerciais que são premiados internacionalmente.Se eles são capazes de promover maus produtos, tornando-os palatáveis, como é o caso de muitos políticos em suas campanhas eleitorais, porque não aproveitá-los em nossas emissoras de TV para criar programas mais inteligentes?
- Por que não voltar a se produzir programas de tiveram êxito no passado, como os grandes musicais homenageando nossos melhores cantores e compositores?
_ Sugiro se fazer campanhas incentivando o público a enviar ideias, visando melhorar a qualidade da programação, para não ficarmos reféns de programas de má qualidade, muitos copiados ou comprados, a peso de ouro, do exterior.
É uma pena termos televisões de até 52 polegadas, com projeção HD,de Plasma e LCD e termos que aturar programas de baixa qualidade ou ficarmos dependentes de filmes, muito reprisados e de partidas de futebol.

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