quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

O CERCO


Nascido em plena segunda guerra mundial, portanto já na fase outonal da vida, como meus contemporâneos, às vezes, me vejo fazendo conjecturas sobre os grandes mistérios existenciais.
Como todos, nos primeiros anos até o início da vida adulta nos julgamos indestrutíveis e aptos para enfrentarmos quaisquer adversidades que se nos avizinhem.
Com o tempo, porém a vida nos vai mostrando as realidades das coisas e vamos testemunhando fatos que ocorrem independentes de nossa vontade e que nos trazem motivos para reflexões mais aprofundadas.
Primeiro são os pais de nossos amigos, colegas de escola, de trabalho etc, que vão paulatinamente desaparecendo abrindo os primeiros buracos na zona de ozônio de nossa sensibilidade. Isto se acentua quando acontecimentos fortuitos e inexplicaveis atingem nossos próprios companheiros de jornada, deixando-nos atônitos.
Quando acontece com nossos entes queridos, familiares e pessoas próximas esse vácuo então torna-se mais dolorido e sofrido, quase insuperável.
O tempo vai se passando e o cerco vai se acentuando, em cada perda temos a sensação que o mundo vai se tornando menor.
Agora são nossos idolos de infância, herois do cinema, artistas, professores figuras proeminentes mundiais que vão desaparecendo acentuando esse sentimento de saudade e perda.
Cada retrospectiva de final de ano tão corriqueiras nas televisões mostra as figuras eminentes que nos deixaram ficando-nos a sensação de que suas ausências jamais serão preenchidas.
O tempo é inexorável e agora são nossos contemporâneos que vão sendo tragados pelas leis até certo ponto cruéis da vida. São amigos, familiares, vizinhos, figuras da sociedade, intelectuais, esportistas que a pouco nos brindavam com suas existências e realizações e que agora são apenas pesares.
Enquanto o cerco não nos atinge vamos procurando levar nossa contribuição, traçando planos futuros para novas conquistas, procurando deixar para quem for sobrevivendo exemplos de uma vida honrada, saudável e digna.